ASSÉDIO DIGITAL NO “SÉCULO XXI”

Assedio Digital

O assédio digital, também conhecido como cyberbullying, é uma forma de violência ou assédio que ocorre através de dispositivos eletrônicos, como celulares, computadores e redes sociais. Envolve o uso da tecnologia para intimidar, ameaçar, difamar ou humilhar pessoas. Existe até a possibilidade da vítima sofrer estupro digital.

A partir dos anos 2000 com a era 3G e 4G, terceira e quarta gerações de celulares, dos quais passaram a ter recursos de internet móvel rápida, que possibilitou navegação na web, envio de e-mails e continuou evoluindo para fotos em alta definição, transmissão de vídeo ao vivo e disseminando novas formas de se relacionar através de redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e mensageiros eletrônicos como Whatsapp e Telegram. Trouxe preocupações relacionadas à privacidade, segurança, pornografia e assédio online.

A anonimidade na internet pode encorajar agressores a agir sem consequências, dificultando a identificação e responsabilização. Embora seja possível ser anônimo, “a internet está deixando de ser terra sem lei”.

Há mais de uma década, Tyler Clementi um estudante universitário nos Estados Unidos cometeu suicídio em 2010 após ter sua intimidade invadida e divulgada online. Ele foi filmado em um encontro íntimo com outro homem sem seu conhecimento e o vídeo foi compartilhado em redes sociais. O caso trouxe à tona a questão da privacidade e o impacto devastador do assédio digital.

Outro caso de assédio digital que culminou em suícidio foi o da adolescente canadence Amanda Todd, ela sofreu chantagem, intimidação e abuso online após ter sua imagem pessoal compartilhada sem consentimento. O caso ganhou destaque internacional e infelizmente resultou no suicídio de Amanda em 2012, tornando-se um símbolo da gravidade do assédio digital.

Diferentes formatos de assédio digital também podem ser destacados, como o que aconteceu com o movimento “Gamergate”  que começou em 2014 e envolveu assédio e ameaças direcionados a mulheres na indústria de jogos eletrônicos. Mulheres desenvolvedoras e jornalistas de jogos foram alvo de ataques misóginos, ameaças de morte e campanhas difamatórias. Esse caso destacou a questão da representação de gênero e o machismo no mundo dos jogos.

No Brasil, com mais de 165 milhões de internautas, ocorrem inúmeros casos de  assédio digital, em 2012 um caso de repercusão nacional foi do vazamento de fotos íntimas da atriz Carolina Dieckmann. Carolina teve seu computador pessoal invadido e suas fotos íntimas foram roubadas e divulgadas na internet sem o seu consentimento.

Após o incidente, Carolina Dieckmann decidiu tomar medidas legais e colaborar com as autoridades para identificar e punir os responsáveis pelo crime. O caso impulsionou a necessidade de atualização da legislação brasileira para lidar com crimes cibernéticos, resultando na criação da Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737/2012), conhecida como Lei Carolina Dieckmann, que criminaliza a invasão de dispositivos eletrônicos e a divulgação não autorizada de informações.

No entanto, mesmo com leis, casos de abusos, ameaças e chantagem voltadas para íntimidade de vítimas não param. Os crimes de assédio digital sofrido por mulheres corresponde mais que o drobro em relação aos homens.

Esses casos destacam a importância de proteger a privacidade, segurança e dignidade das pessoas na era digital, além de promover um ambiente online seguro, respeitoso e inclusivo.

“(…) A pessoa que se fotografa nua para uma pessoa específica, ela pode não ter a dimensão do quanto isso pode lhe prejudicar, caso haja vazamento das imagens. Sabemos que o estado emocional da vítima fica péssimo: A auto estima cai, o medo aparece e também aparecem alguns sintomas de “paranoia”, como: “todo mundo está me olhando e censurando” ou “eu agora vou ficar mal falada” ou “vou perder amigos” dentre outros pensamentos negativos. As vezes a menina entra em estado depressivo o que pode levar até ao suicídio. Em novembro de 2013, Júlia Rebeca, de 17 anos, se suicidou em Parnaíba (PI) depois que um vídeo seu fazendo sexo começou a circular nas redes sociais. A ONG SaferNet, registra mais denúncias feitas por mulheres, chegando a 81%. E a maior parte dos outros 19% são de homens que marcaram encontros com outros homens e passaram a ser ameaçados de ter sua orientação sexual revelada. Geralmente os homens heterossexuais não procuram ajuda e não sofrem grande consequência. As mulheres sentem um impacto social maior…” (disponível em http://www.soniaeustaquia.com.br/a-nudez-na-internet/),

A responsabilidade pelo assédio digital é única e exclusivamente do agressor. Em 2022, em um dos ciclos de encontros o grupo MAN, recebeu um homem que estava sob medida protetiva, conforme relato desse homem: “ Ela me acusou de compartilhar fotos íntimas dela, porém eu não fiz, só que outras pessoas tiveram acesso ao meu celular”. Esse rapaz já estava separado da mulher, no então tinha em posse, as fotos íntimas dela, consequentemente responsável por guardar esses arquivos.

O assédio digital pode ter um impacto emocional grave na saúde mental das vítimas e consequências na vida offline, afetando relacionamentos, desempenho acadêmico e profissional.

Medidas de prevenção e combate incluem conscientização, educação sobre o uso responsável da tecnologia, quebra do silêncio com denúncias e apoio às vítimas, além da promoção de uma cultura online de empatia e respeito.

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